A comunicação com outras pessoas é uma parte integrante e indispensável da vida humana. É uma atividade importante para qualquer indivíduo, uma vez que estabelecemos relações através da comunicação. A comunicação ajuda-nos a estabelecer contactos, relações interpessoais e relacionamentos, sejam eles sociais, familiares ou empresariais. Nas relações interpessoais, através da comunicação, as pessoas trocam experiências e aprendem umas com as outras.
O termo comunicação significa um processo através do qual informações e pensamentos são transmitidos e partilhados. A comunicação permite que as pessoas transmitam os seus sentimentos, pensamentos, opiniões e expectativas.
Existe a comunicação verbal, que é a comunicação através das palavras, e a não-verbal, que é a comunicação que se refere a expressões faciais, movimentos, pensamentos e sentimentos. Há também um processo de aprendizagem que ocorre na comunicação; significa que ao conversarmos com os outros, adquirimos novos conhecimentos e competências e somos expostos a novos pontos de vista. Como tal, a comunicação não é apenas um meio para transmitir informação, o seu principal objetivo é que a informação seja ouvida, compreendida, aceite e concretamente aplicada.
A comunicação é um processo bidirecional que resulta num significado partilhado ou num entendimento comum entre o emissor e o recetor.
A troca eficaz de informação é uma competência que requer uma preparação sistemática. Utilizar apenas a fala não é suficiente, pelo que precisamos de complementar a mensagem com imagens, desenhos e também com uma série de sentidos e sensações. Este tipo de comunicação será mais convincente, sendo que o interlocutor a lembrará com maior facilidade e a aceitará melhor. Este tipo de comunicação é necessário dado que somos todos diferentes e percecionamos a informação de forma diferente (por exemplo, a informação do ambiente é aceite através dos nossos cinco (5) sentidos - visual, auditivo, cinestésico, olfativo, gustativo).
A comunicação eficiente é concretizada quando aceitamos interlocutores como iguais e especialmente quando nos respeitamos e nos podemos valorizar objetivamente no nosso ambiente. Com a escuta ativa, o ouvinte deseja compreender os sentimentos e expectativas dos interlocutores; quer compreender o ponto de vista dos participantes; e não julga a informação. A forma como os intervenientes apresentam e falam é muito importante, na medida em que engloba 45% da mensagem percebida pelos participantes. As capacidades de comunicação incluem também a capacidade de gerir o tempo - o orador é quem controla o tempo, não os ouvintes.
Para uma comunicação eficaz, é importante saber o seguinte:
Com QUEM está a comunicar (é de grande importância conhecer o seu público: quem são, qual é a sua faixa etária, o que já sabem, quantas pessoas irão receber a sua mensagem, etc.);
O QUE está a comunicar - a comunicação deve ser relevante para o assunto;
PORQUÊ - qual é o objetivo da sua comunicação, o que pretende alcançar;
QUANDO comunicar o assunto;
COMO irá comunicar a questão - pense no método que irá escolher.
Para uma comunicação bem sucedida, é importante seguir estas diretrizes:
Conversas Difíceis
Uma conversa difícil é tudo aquilo sobre o qual é difícil falar. Estas são conversas que abordam temas de TRAUMA, SAÚDE, RAÇA, SEXUALIDADE, POLÍTICA, RELIGIÃO, GÉNERO, etc. Estes são assuntos sensíveis e podem tornar uma pessoa vulnerável. Conversas sobre estes temas podem ser difíceis, pelo que requerem determinadas habilidades e capacidades. As pessoas não devem ter medo de conversas difíceis, embora estas representem um dilema: devemos evitá-las ou enfrentá-las?
Dentro de conversas difíceis, existem três fases diferentes que devemos conhecer e ultrapassar:
Primeira fase - O QUE ACONTECEU?
Nesta fase temos de estar atentos a três elementos: VERDADE, INTENÇÃO E CULPA. As pessoas ficam agarradas a estes pontos durante a conversa e saltam para conclusões que conduzem ao conflito.
Durante uma conversa, podemos ficar presos em alegações contrastantes: Eu estou certo, você está errado. As frases 'Estou certo' são intermináveis MAS tudo o que diz respeito ao debate 'Estou certo' diz respeito às nossas crenças, compreensão e valores. As frases 'Tenho razão' dizem-nos apenas como nós próprios criamos o significado de algo e que este não tem qualquer ligação com a realidade. Outra pessoa terá a sua própria realidade, completamente diferente sobre o mesmo problema, porque interpretou o problema à sua própria maneira.
Neste ponto, tratamos da questão da intenção. Será que a pessoa gritou comigo porque me queria magoar ou porque desejava expressar mais claramente a sua opinião? Como compreendemos as intenções da outra pessoa influencia a própria conversa. O problema que ocorre nesta fase é que acreditamos saber quais as intenções da outra pessoa. Mais uma vez, saltamos para conclusões.
As pessoas reagem frequentemente desta forma quando tentam absolver-se da culpa e passar a culpa a outra pessoa, situação ou outro motivo. Ao não julgarmos, ganhamos mais tempo para nos concentrarmos na verdadeira causa do problema.
Segunda fase: A CONVERSA DOS SENTIMENTOS: O QUE DEVEMOS FAZER COM AS NOSSAS EMOÇÕES?
Como enfrentar e controlar as emoções que surgem durante conversas difíceis? As pessoas decidem muitas vezes não falar sobre os seus sentimentos. Têm medo da reação, não sabem como se expressar, e têm medo de ser rejeitados. Mas a essência das conversas difíceis são os sentimentos. Compreender as emoções, falar sobre elas, controlá-las e valorizá-las são os elementos básicos de conversas importantes e difíceis.
Terceira fase: A CONVERSA DE IDENTIDADE: O QUE É QUE ISTO DIZ SOBRE MIM?
Nesta fase, as questões são: como é que o problema existente me influencia enquanto pessoa e o que é que isso diz sobre mim? Dentro de uma conversa difícil, ocorre um monólogo separado que gira em torno da identidade - o que digo a mim próprio durante uma conversa difícil? O diálogo interno irá sempre ocorrer. É importante que estejamos conscientes disso e que tentemos equilibrá-lo. Se ficar fora de controlo, pode encurralar-nos e tornamo-nos prisioneiros dos nossos próprios pensamentos. É importante ter pensamentos e crenças positivamente orientadas e fortalecedoras.
No âmbito da prestação de apoio e assistência psicossocial, há alguns elementos importantes que fazem sentido considerar neste processo.
A reflexão é uma atividade de ponderação intencional que:
As fases de reflexão são: 1) descrição do evento; 2) sentimento; 3) avaliação; 4) análise; 5) conclusão.
A importância do círculo de comunicação e das profissões de ajuda
A fim de tornar a comunicação tão bem sucedida quanto possível (incluindo as bases acima descritas) no domínio das profissões ou setores de ajuda (como o voluntariado), faz sentido utilizar o chamado círculo de comunicação com as fases sucessivas descritas.
*NVC – Comunicação não violenta, pelo autor Marshal B. Rosenberg.
O impacto da crise pandémica nos grupos vulneráveis dependeria em parte da qualidade da comunicação relativamente ao risco para a saúde, estabilidade da saúde mental e perigo. A comunicação objetiva é pró-ativa, imaginativa, compassiva, inovadora, criativa, construtiva, progressiva, capacitadora, transparente e amiga da tecnologia. Contudo, há múltiplos fatores que desempenham um papel fundamental na aceitação de informação, como características sociais e culturais, género, contrastes geracionais, inclinações linguísticas, convicções rigorosas, crenças religiosas, e alfabetização variável influenciam a ação e o comportamento dos indivíduos.